Raça Ramo Grande

Ramo Grande é a designação comum da zona nordeste da ilha Terceira, no arquipélago dos Açores, conhecida como sendo uma região plana, bastante fértil onde existiam boas pastagens, abundância de milho e magníficos campos de luzerna, e também dos bovinos vermelhos e corpulentos que lá se desenvolveram.


Leitão et al. (1943) em visita efetuada à ilha, para além de considerarem que esta zona apresenta um clima mais favorável que o continental e o solo de mais fácil exploração, fazem referência a aspetos relacionados com a morfologia dos animais mencionando que, apresentavam como característica primordial, a enorme corpulência, um crescimento que se prolonga até aos 8 anos e mais de idade; chegam a atingir 1,70 m de altura na cernelha e 2,30 m de perímetro torácico. Os membros têm boas articulações, que terminam por unhas afogueadas e resistentes, o que lhes permite trabalhar desferrados em calçada.


De acordo com Bettencourt (1923), o gado bovino da ilha Terceira resulta na sua maioria do cruzamento de indivíduos pertencentes aos troncos Aquitânico e Ibérico, isto é, do gado Minhoto ou Transtagano ou dos dois, com o gado Mirandês. Por sua vez, Medeiros (1978) afirma que, apenas na ilha Terceira, havia um grupo de bovinos de grande corpulência e de óptimas qualidades de trabalho, do tipo alentejano, e que eram conhecidos por bovinos do “Ramo Grande”.

 


O reconhecimento da importância histórica e cultural do gado Ramo Grande e a perceção de que estava em risco de perder-se definitivamente o reduzido censo que restava levou a que na década de 1990 ressurgisse o interesse por este gado e fossem efetuados os primeiros trabalhos de levantamento e caracterização que viriam a culminar com a instituição do Registo Zootécnico da raça em 1996.


Atualmente, a raça Ramo Grande está reconhecida, a nível internacional, pela União Europeia, pela FAO e encontra-se descrita na lista dos Recursos Genéticos Animais a nível mundial.