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Raça bovina Ramo Grande, apenas existente nos Açores, é a primeira a nível nacional a aplicar a seleção genómica


O Diretor Regional da Agricultura revelou que a raça bovina Ramo Grande, apenas existente nos Açores, é pioneira no país ao nível da aplicação da seleção genómica, que é extremamente importante para preservar o futuro de um património genético com inigualável importância histórica, social e cultural.

“Este grande passo que agora é dado permite ambicionar resultados mais promissores ao nível do programa de seleção da raça Ramo Grande e resulta da colaboração de vários anos de estudo e articulação entre a Direção Regional da Agricultura e a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa”, afirmou José Élio Ventura.

A raça Ramo Grande conta desde 1996 com um Livro Genealógico próprio, tendo as primeiras avaliações genéticas sido publicadas a partir de 2015.

A seleção genómica tira partido da informação genealógica e produtiva recolhida ao longo de décadas nesta raça, acrescentando a peça adicional que faltava, representada por um painel de marcadores genéticos que permite mais garantias quanto ao mérito genético do animal para as caraterísticas que se quer selecionar.

O painel de marcadores genéticos utilizado vai permitir não só praticar a seleção com maior rigor, mas também selecionar os animais numa idade mais precoce, com base no seu perfil genético.

“A experiência dos bovinos leiteiros demonstra que o progresso genético pode ser até 50% superior relativamente à seleção convencional, com uma evolução da consanguinidade mais controlada”, salientou José Élio Ventura.

No caso do Ramo Grande, foram analisados nesta primeira etapa os principais touros reprodutores da raça, utilizando um painel comercial de marcadores genéticos que permitem abranger todo o genoma e cuja informação é depois incorporada na análise estatística em que é estimado o valor genómico de todos os animais.

O catálogo com os primeiros resultados desta avaliação genómica está já disponível para os principais touros na página da raça Ramo Grande na Internet, no endereço eletrónico www.bovinoramogrande.pt e traduzem os resultados de um trabalho que incorpora numa análise conjunta a informação genealógica, produtiva e genómica.

Este estudo foi levado a cabo sob coordenação técnico científica de Luís Telo da Gama, docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa e doutorado em Genética Animal pela Universidade de Nebraska Lincoln, nos Estados Unidos da América.

José Élio Ventura adiantou que, num futuro próximo, pretende-se realizar a genotipagem de um número mais abrangente de animais, bem como continuar a recolher mais e melhor informação produtiva e genealógica, para que a seleção genómica se torne num instrumento de gestão que possa ajudar os criadores da raça Ramo Grande a melhorar os seus sistemas de produção e a conseguir uma maior valorização dos animais das suas explorações, salvaguardando a biodiversidade animal, num contexto de desenvolvimento rural sustentado.

A raça Ramo Grande é presentemente a única raça bovina autóctone da Região Autónoma dos Açores, remontando a sua origem ao início do povoamento do arquipélago, no século XV, quando foram introduzidos os primeiros bovinos provenientes de diferentes regiões de Portugal Continental.

O isolamento das ilhas e as condições climatéricas e ambientais levaram a que os bovinos adquirissem especificidades próprias, dando origem à raça Ramo Grande.

Presentemente estão inscritos no Livro de Adultos desta raça 1.407 bovinos, distribuídos pelas ilhas Terceira, São Jorge, Faial, Pico, São Miguel e Graciosa, existindo, no total, 261 criadores da raça Ramo Grande nos Açores.

Em Portugal estão oficialmente reconhecidas como autóctones 15 raças de bovinos, entre elas a Ramo Grande.

13-09-2019
GaCS

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